A vida é feita de escolhas.
O pior disto não são as escolhas que fazemos, sim as possibilidades que deixamos para trás. Haveremos sempre de nos perguntar: “E se?” “E se eu tivesse optado pela esquerda?” “E se eu tivesse corrido menos ou me apressado mais, ou...” “E se?”
Não sei se acredito em destino, tipo “estava traçado”. Acredito que nossas escolhas orientam nossas vidas, e nos levam aos lugares onde chegamos. Não dá pra dizer “Deus quis assim.”. Então Deus escolheu uma mulher qualquer, fez com que ela nascesse numa família humilde, crescesse analfabeta até os catorze anos e depois, do dia pra noite, se tornasse apta e respeitada a ponto de candidatatar-se à presidência da república? Aí Deus escolheu outro cara que nasceu e cresceu em condições semelhantes pra se tornar um monstro e violentar a própria filha, e depois a filha que teve com ela? Que Deus é este? Acredito que Deus nos deu possibilidades e o livre arbítrio pra escolher.
E nesta semana fiz uma das escolhas mais difíceis da minha vida.
Há pouco mais de dois anos voltei para a Bahia por amor, e por amor agora parto.
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Deitada na semi-escuridão do quarto, envolta em seu abraço, soluço baixinho.
“Não estou chateado, Nega. Nem magoado. Entendo você, e acho que fez a coisa certa. Você estava infeliz, sentia muita falta deles. E eles precisam de você. Fez o que é certo. Estou apenas triste, e isto não tem como não acontecer.”
Meu pranto se intensifica.
“Não tem que chorar, Nega. Tem que ser forte, ter bastante paciência pra se readaptar, e lembrar sempre que foi o melhor pra você. Você vai ser muito mais feliz, e vai ter inúmeras oportunidades de crescimento.”
Eu não queria esta reação, porque ela faz mais difícil ainda a decisão que tomei. Conscientemente, claro. Sem culpas ou responsabilidades alheias. Mas seria muito mais fácil se você se irasse, se revoltasse, me chamasse de egoísta, dissesse que não pensei em você, em João, no nosso amor. Mas não. Você entende, e me apóia e incentiva. Mesmo sabendo que nossa história pode mudar.
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Sinto uma tristeza infinita. Apesar da felicidade imensurável.
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