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sábado, dezembro 20, 2008

Perfil


Leonina,
ascendente em peixes.
Dragão no horóscopo chinês.
Adaga no horóscopo cigano.
Estrela no horóscopo druída.
Número de destino: cinco.
Filha de Ogum,
sob proteção de Vehuiah.
Mulher de fases, hoje sou mais eu, mais que sempre, mais que nunca. Minuano cantante em madrugada de inverno, acalanto noturno na noite insone, plena de sonhos a se realizar. Brisa suave na Bahia de Todos os Santos, sobre o mar escuro e o reflexo da lua, que envolve o corpo e faz viajar. Ar rarefeito no planalto central, sob infinitas estrelas que brilham como em nenhum outro lugar. Agitada, suave, parada. Posso ser tudo e posso ser nada. Fluida criatura sem rédea, sem freio, sem arreio... Balzaquiana, autêntica, absoluta. Hoje sou mais eu, mais que sempre, mais que nunca. (Escrito um dia pra o perfil do Orkut, publicado aqui pra não se perder...)

domingo, dezembro 07, 2008

Sobre sonhos e significados.


Não sei se sou uma pessoa mística. Às vezes acho que sim, às vezes tenho dúvidas.
Sou sim, uma pessoa de fé. Acredito em Deus, de uma forma que não sei explicar. Acredito que exista uma 'força estranha', como dizia Roberto Carlos, que me leva não a cantar, mas a viver. E a acreditar, num ciclo sem fim, enfim.
. Estávamos, Paulinha, eu e Tata conversando, na cozinha. Na varanda da frente, mamãe fazia as unhas. Havíamos chegado de viagem há pouco, e depois de conversarmos um pouquinho, ela voltou à manicure para depois se juntar à nós na cozinha - e na cozinha, conversávamos animadas sobre sabe-se lá o quê, amenidades, besteiras, aquelas coisinhas que se diz quando se está bêbada de alegria, e essa era a sensação do momento: estávamos, as três, embriagadas de alegria pelo encontro. Aí ouço, bem clara e nítida, papai dizendo lá de dentro: " - E a mochila da Loira, vocês trouxeram?" " - Está na mochila, Papai." As duas me olham, um tanto surpresas, quando respondo assim, e papai insiste lá de onde está: " - Pega e tira logo da mala, se não vocês vão acabar esquecendo!" " - Ai, papai, o senhor não muda nunca, que coisa! Já vou pegar, não vou esquecer, pode deixar! Eita, Tati, que esse seu pai não muda nunca!!!" Olho para as duas e suas expressões de espanto, medo, surpresa, sei lá o quê, faz de repente a ficha cair: papai não está mais entre nós. Mas a voz que ouvi foi clara, foi real, foi... começo a chorar, e mamãe vem lá de fora, "filha, não fica assim, o que tá acontecendo?", "não sei, mainha, não sei, não consigo esquecer, papai está tão vivo dentro de mim, na minha memória, sei que de alguma forma o atrapalho, mas não consigo, não consigo não lembrar, não sentir sua falta, não pensar que poderia ter sido diferente..." E o choro vem, copiosamente. Não consigo controlar minha lágrimas, os soluços, não consigo não chorar, por mais que mamãe tente me acalmar, me consolar... tenho o rosto molhado, inchado pelo pranto e aí... acordo. Acordo com o rosto molhado, inchado pelo pranto, o travesseiro enchacardo pelas lágrimas e me dou conta de que era um sonho. Um sonho que expressa tão bem como tenho me sentido que provocou lágrimas reais. Aí, quando entro no orkut pra vir aqui postar (caminho natural, pra ver se tem recados novos), o recado de uma amiga de tanto tempo contando que perdeu a mãe em julho, e que é uma dor tão grande, e... Sinto falta de meu pai. Sinto falta do arrastar de seus chinelos pela casa, cantarolando 'Carolina, Carolina...', sinto falta de nossas discussões que ele alimentava meio com alegria, meio com pesar, acho que só pra me ver discordar dele... sinto falta da sua presença pela casa, da sua preocupação com cada filho, sinto tanto tanto sua falta. Sinto falta de meu pai - e ainda não aprendi a conviver com esta falta em seu lugar. Acho que talvez seja o natal chegando. O primeiro natal sem ele. Sim, sei que virão muitos, sei que todo mundo perde alguém que ama, sei que este é o caminho natural, sei que todo mundo parte um dia. Sim, eu sei. Mas ainda estou tentando trabalhar isto dentro de mim, estou tentando aprender. Sei que um dia vou conseguir. Por acreditar em Deus, acredito que meu pai está bem, onde quer que esteja. . E por acreditar em Deus, sei que vou conseguir.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Um dia comum

"Um dia feliz às vezes é muito raro..." (Jota Quest) Por vezes, ouvindo esta música, imaginamos que, prá um dia ser feliz é necessário algo diferente, inesperado, surpreendente - e nem sempre é assim. Dias comuns são os mais felizes - como hoje. Dia de sol e preguiça. Dia de me deixar ficar, sem pressa, sem tempo, sem compromisso, sem hora pra levantar, pra comer, sem hora marcada pra nada - dia como há muito não havia. Dia de partilhar a paixão pela criação, e melhor, a companhia de Cloé. Um dia feliz.

sábado, novembro 15, 2008

Pensando no ônibus

"- Oi, amor da minha vida!" " - Mãe? Como você sabia que era eu?" " - Uai, eu não sabia. Mas vi o DDD 45, e daí só duas pessoas poderiam me ligar, e os dois são amores da minha vida..." " - É, mas eu tô ligando do celular do pai... e se fosse ele?" Pausa para pensar. Penso que ele já foi o amor da minha vida um dia, mas não poderia dar esta resposta, até porque o amor da minha vida de hoje está ao meu lado e é ciumento pra caramba, ia rolar estresse e isto é a última coisa que eu quero numa noite de sexta feira... não lembro o que respondi. Só me lembro de processar a informação: "mãe, hoje é a formatura do Matheus." A ligação horrível, peço pra ela ligar mais tarde, quando ele pudesse falar comigo, as lágrimas rolando já, é formatura do meu filho e eu não estou com ele. Mais uma vez. Eu jurava que a formatura dele era hoje, sábado. Mas jurava em falso, né? Não que isso amenizasse o fato de estar distante nesta data, mas pretendia ligar pra ele dando os parabéns (sim, orgulhosíssima de suas médias anuais, apesar de conversar muito...), lembrando o quanto o amo, justificando (mais uma vez) o fato de não poder estar presente na sua formatura de segundo grau... e não fiz nada disso. Não falei com ele antes, não falei depois - não me ligaram. E não tinha créditos pra ligar. E não tinha o número da casa pra ligar com cartão (sim, ainda não refiz minha agenda depois que o ladrão levou o telefone dele), e chorei e chorei e chorei. Mas não chorei tudo o que meu coração pedia. Hoje acordei inchada, não sei de tanto chorar ou de represar todo o choro ainda por sair. Acordei mal humorada, acordei irritada, acordei de um jeito que seria melhor nem acordar. Ontem, voltando do shopping pra casa, olhava os prédios todos e suas luzes acesas dos apartamentos, e imaginava a vida em cada um deles, e os dramas pessoais de cada morador, e quantos estariam se sentindo como eu... e pensei este texto que queria escrever aqui, mas não rascunhei... não sei porque cargas d'agua não estava com minha cadernetinha, e se pelo menos não esboço o texto, depois ele não vem mais. Não como imaginei, não como senti, não como desejei. E agora, escrevo apenas pra dizer, Matheus, que apesar de não ter ligado, de ter sido uma mãe relapsa, amo você. Tanto, tanto, tanto. Queria ser a mãe perfeita, a melhor, a presente em todas as horas, seu colo, porto seguro, sua amiga, confidente, cúmplice. E não sou. Desculpe por isso, meu filho. Queria ter estado com você ontem, vê-lo receber a homenagem justa por vencer mais esta etapa em sua vida, chorar de emoção (alguma dúvida de que me desmancharia?), lhe encher de beijos, de abraços, de beijos, de abraços, de dengos, deixá-lo desconcertado como fica às vezes com minhas demonstrações públicas e efusivas de amor e carinho... queria ter partilhado este momento especial com você, meu filho. Queria muito. Desculpe, mais uma vez.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Então, férias...


Engraçado.
Meses antes das férias eu planejava o que fazer: vou pro sul, pra formatura de Matheus, ver os amigos que não vejo há uns cinco anos; na volta passo em Goiânia, ver mamãe e a galera; vou marcar todos os médicos e dentista que preciso; vou comprar material de scrap e fazer um moooooonte de montagens; vou pra ilha, ficar de papo pro ar, morgar, pra praia pegar uma cor, ficar dias inteiros na rede ouvindo o vento nos coqueiros, vou prum boteco com Cloeh ficar vendo a vida passar entre um copo de cerveja e um bolinho de bacalhau; vou conhecer Morro de Sao Paulo e Pancada Grande; vou... nada. Vou pegar a grana das férias e pagar contas, cobrir o cheque especial, liquidar a fatura do cartão, e pronto. Aproveitar e fazer faxina nos meus papéis, nas coisas de artesanato, preparar o natal... coisinhas que não precisam de grana. E, se conheço bem meu irmão, vou poder ir à Gyn, sim, mesmo sem grana. Acho que adoro quando ele bebe e sente saudade de mim!!!! :)
"- Que dia você vem pra cá?"
"- Ih, maninho, não vou não. Paguei cartão, cheque especial, tô sem grana."
"- Êêêê, você, viu?" "- Sério mesmo. Tô ferrada de grana..."
"- Viu? Você vem. Eu pago uma passagem..."
:)
Este é meu irmãozinho. E não é irmãozinho porque disse isso não - nem porque é pequenininho, quem o conhece sabe disso. É irmãozinho só porque é o mais novo, por que fora isso, é um irmãozão. É ciumento, é cuidadoso, é família, é amoroso. É porto seguro pra quem ele ama - tudo bem, lá do seu jeito meio truculento, meio impositivo, meio mandão... mas o que importa? O que importa é que ele sabe que amor é tudo. E família é amor. E ele sabe tudo de amor. Tanto que tá bravo comigo, por que meus filhos não vão pra Goiás neste fim de ano, só porque estou morando longe, e falta tempo($$$) pra eles virem aqui e irem pra lá.
Que Deus não permita que ele mude. Ele, agora, é o elemento agregador. E é tão, mas tão, mas tão bom saber que ele tá lá, e que posso contar com ele pra me ouvir, pra me amparar, pra me apoiar - mesmo que às vezes eu tenha que puxar sua orelha, né não? ;)
...
Este post era pra falar das férias, que estão aí desde segunda (e hoje é quinta!) e não fiz nada ainda. No fim, foi muito mais legal. Como sempre, tudo o que não é planejado acaba sendo melhor.
:)
Férias, então.

domingo, outubro 26, 2008

Pausa para organizar mudanças


Em dia de decisão tomada e algumas mudanças... e não, não são mudanças radicais. São ajustes para gerir meu dia a dia e os projetos que me propus a tocar.
Como ainda estou me organizando, revendo como vou fazer a partir de agora que só terei este blog para escrever, fora o Pipoca e Coca Cola - que partilho com as meninas; e o Mosaico, esta imagem que encontrei na net é o que melhor revela como estão meus sentimentos neste momento.
:)
Postando para constar.

domingo, outubro 12, 2008

Sobre amar e não amar


Pergunto-me porque amar, às vezes, é complicado.
Devia ser simples: eu amo, e pronto. E ponto. Mas não é. Nem sempre é. Porque a dificuldade em aceitar o outro como ele é? Porque medos e inseguranças sobre o sentimento do outro? O que importa não é o que sinto? Não é isso o que me faz feliz? Claro que se amo e sou amada (e tanto o objeto de meu amor quanto quem me ama são a mesma pessoa) é muito melhor. Claro que a certeza de ser amado por quem se ama traz paz, traz aconchego pra alma da gente. E porque esta certeza é tão difícil? Porque é preciso ter o tempo todo demonstrações de amor, de necessidade, de dependência? O que me fortalece, quando amo, é a força do outro. A sua integridade, independência, felicidade. Não preciso que ele dependa de mim pra nada - preciso sim, que ele queira estar comigo. E que isto seja uma opção, não uma necessidade incontrolável - porque a certeza de que meu amor está comigo porque quer assim é muito melhor do que a constatação de que ele está comigo porque depende de mim, do meu amor, da minha presença. O amor, prá mim, não gera dependência. É lindo, sim, "tu te tornas responsável pelo que cativas". Mas vejo esta responsabilidade como algo espontâneo e leve, não obrigatório e pesado. Se estou contigo, amor, é porque quero. É porque a cada amanhecer abro meus olhos e penso que escolhi estar contigo mais este dia que nasce. É porque trago no coração a certeza de que estar com você me completa e faz mais feliz. Se estou contigo, amor, é porque escolhi. E é isto que traz valor ao nosso amor: escolhemos um ao outro. E em tempo algum isto pode se tornar um jugo, porque aí perde o valor, e perde-se o amor. São quatro da manhã e estou aqui, insone, a filosofar sobre o amor - tanto pra falar, mas os sentimentos e idéias são inúmeros, e as palavras não fluem com a rapidez dos pensamentos... então, melhor apagar a luz e olhar o sono chegar. Bem devagar. Pensando no amor - e no meu amor.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Permanente, apenas a inconstância.



Sempre a mesma, renovo-me a cada dia.
Se tudo é mutável, quanto mais crenças, pensamentos, realidades, desejos, evanescentes e intangíveis?
Quanto mais eu?
Se hoje sou Penélope, amanhã posso ser Lilith. Outro dia Helena, Joana, Isabel, Evita, Elisa, Maitê, Lya; posso ser Maria, também Coco, Marilyn, Luz Del Fuego, Jaqueline, posso ser tantas e cada uma, e nenhuma, e por fim eu mesma.
Não me julgue, não me pressuponha, não me classifique.
Sou ímpar, sou única, exemplar de colecionador, primeira edição de livro raro, jóia preciosa talhada por caprichoso ourives, sou o que me proponho, o que me valido, o que me defino.
Não me gereralize e não me banalize.
Sou leonina mansa, pisciana feroz - porque hão de existir paradigmas se não para serem rompidos?
Porque limites se não para ultrapassá-los? E ir além?
Não me julgue, não me pressuponha, não me classifique

segunda-feira, outubro 06, 2008

Falando em amor...



"... vou falar de mim. Como filha e como mãe. Um pouquinho só porque sei que não conseguiria dizer tudo o que talvez seja necessário – até porque começo e meus pensamentos por vezes se dispersam. A primeira lembrança que tenho na vida sobre “o que eu quero ser quando crescer?” é: “mãe”. Depois veio “jornalista”. Mas a primeira foi “mãe”. O amor que tive por meus irmãos – os três – foi incondicional. Sandro, talvez pela pouca diferença de idade entre nós, era como um bibelô. A vida toda, quando éramos pequenos, eu o defendia de tudo e de todos. E não me lembro de uma única vez, em todas as brigas de irmãos que tivemos, que eu houvesse levantado a mão pra ele. Quando Wan chegou, eu tinha oito anos – e pra mim, Deus tinha mandado aquele menininho lindo e inteligente pra mim – era um presente de Deus pra mim. Da mesma forma, eu o defendia também – mas ele, de alguma maneira, era bem mais forte que o San. Sem contar que era o xodó de toda a família. Aí, aos meus dezoito anos, veio a Tati – e também foi como uma filha. Melhor, na verdade, pois eu não tinha obrigação de educar, só precisava amar e mimar. Mas claro, não foi só assim: quantas vezes conversamos, ela pequenininha e eu explicando porque não podia isso, porque não podia aquilo... A vida toda minha relação com meus irmãos foi de amor total e incondicional – mesmo quando, depois de crescidos, tínhamos divergências de opiniões ou entramos em atrito – porque esse amor gerou uma amizade que não tem preço. E que dá a certeza de meu lugar no mundo. E se, lá atrás, quando eu era pequenininha, tudo o que eu queria era ser mãe, com certeza é porque “mãe”, pra mim, era a melhor coisa do mundo. E pra pensar assim, eu tinha que ter a melhor mãe do mundo. E eu tive. Apesar de toda a divergência de pontos de vista que temos hoje, mamãe e eu, ela foi a melhor mãe do mundo – e eu não seria, nunca, nem a metade do que ela foi nas circunstâncias em que os filhos chegaram à sua vida. Com vinte anos mamãe tinha dois filhos e um marido irresponsável, que com o tempo se tornou alcoólatra. Veja bem, não estou aqui criticando meu pai, até porque acredito que ele foi o melhor pai do mundo – de verdade. Quando se conscientizou da importância do papel de pai, quando conseguiu se libertar do vício. E foi o melhor avô que meus filhos poderiam ter tido – sempre presente, brincando, ajudando, brigando, oferecendo colo. Não estou, de forma alguma, desmerecendo papai. Só estou contando que, por muito tempo, foi muito difícil para mamãe: casou nova; sem terminar sequer o segundo grau; porque já vinha de uma história familiar complicada (e apesar de tudo, você pode ver como ela e seus irmãos são unidos e amigos); sem profissão definida; com filhos pequenos e sem o apoio do marido. Sei que eu não teria sido metade da mãe que ela foi. Poderia contar pra você histórias e histórias sem fim de como ela fez empadas de batata e foram os salgadinhos mais deliciosos na festa da escola; de como ela saía comigo e meus irmãos pegando dois ônibus para passarmos um dia no clube; de como ela cuidou por dois anos de três filhos pequenos sendo que um, nesse período, passou por várias cirurgias e não podia nem ir ao banheiro sozinho; de como ela reformava, lavava e passava, deixando como novas as roupas usadas que ganhávamos; de como ela encheu de magia cada dia das nossas vidas com suas histórias e riso fácil; tantas histórias eu poderia contar! Mas não vem ao caso: eu só queria dizer que, se eu desejava mais que tudo na vida ser mãe, é porque eu tinha motivos mais do que suficientes pra achar que ser mãe era a melhor coisa do mundo. E eu não sabia que podia haver no mundo amor maior do que o que eu sentia por meus pais e meus irmãos – até o dia 25 de dezembro de 1985. A partir desse dia, descobri que ser mãe não é só a melhor coisa do mundo: é também a pior. Os piores medos, as piores dúvidas, os maiores anseios. E se meu filho não for ‘perfeito’? E se eu não conseguir educá-lo? E se ele ficar doente? E se ele não puder andar? E se ele não aprender a falar? E se eu não puder mandá-lo pra uma boa escola? E se ele não for inteligente? E se ele não fizer amigos? E se os amigos zombarem dele? E se algum maluco machucá-lo? E se ele não tiver namorado(a)? E se ele gostar do mesmo sexo – sim, e se ele for gay? E se ele usar drogas? E se ele resolver roubar? E se ele se meter em brigas? E se ele não entrar na faculdade? E se ele não encontrar ninguém decente pra casar? E se ele não tiver filhos? E se ele tiver filhos e estiver longe de mim? E se seu(sua) companheiro(a) não gostar de mim? E se? E se? E se? Aí, num período da minha vida, me vi sozinha com três filhos. Como se diz no Rio Grande do Sul, “mais perdida do que cuzco em procissão”. E se eu já me preocupava com eles, a partir daí essa preocupação dobrou, triplicou, sei lá. A sorte é que éramos amigos – sempre acreditei que deve haver amizade entre pais e filhos. Claro, sem esquecer o respeito e o laço mãe-filhos, ou pai-filhos. E a partir de então, essa amizade se fortaleceu. Minha amizade com Paula, Maya e Matheus sempre foi muito transparente – por mais que eu tenha errado. Sempre decidimos tudo juntos, e partilhei com eles minhas incertezas, meus medos, minhas dúvidas – por mais que isso fosse errado. E sempre tentei decidir tudo em nossa vida, principalmente quando morávamos todos juntos, de forma “democrática” e justa para todos – por mais que, muitas vezes, tenha que ter sido assertiva e impositiva. E essa amizade, essa relação, é baseada na confiança e na liberdade. Às vezes sou questionada: será que com o pai deles há essa atitude, há essa cobrança? Será que com o pai eles fazem isso, fazem aquilo? De verdade? Não me interessa. Não mesmo. Importa pra mim a relação que eles têm COMIGO – e pronto. Nunca, em momento algum da minha vida, pautei meus relacionamentos com base na comparação. E não quero, nunca, que o relacionamento dos meus filhos comigo seja igual ao comportamento deles com o pai. O nosso relacionamento – eu, Paula, Maya e Matheus – nós construímos ao longo tempo, com nossas atitudes – fossem elas altruístas, egoístas, estúpidas, como quer que fossem. E é único: com Paula, com Maya, com Matheus."
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Trecho de uma carta não enviada falando sobre meus sentimentos.
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segunda-feira, agosto 18, 2008

Presente de aniversário!


O encanto da luz. A imensidão do mar. A alegria de rir. Lucemary. Simplesmente Lucemary. (poema divino.) by Maya
(tão lindo e tão tocante pro meu coração fragilizado que merecia mais do que um lugar num simples comentário).

quinta-feira, agosto 14, 2008

Absoluta

Leonina, ascendente em peixes. Dragão no horóscopo chinês. Adaga no horóscopo cigano. Estrela no horóscopo druída. Número de destino: cinco. Filha de Ogum, sob proteção de Vehuiah. Mulher de fases. Hoje sou mais eu, mais que sempre, mais que nunca. Minuano cantante em madrugada de inverno, acalanto noturno na noite insone plena de sonhos a se realizar. Brisa suave na Bahia de Todos os Santos, sobre o mar escuro e o reflexo da lua, que envolve o corpo e faz viajar. Ar rarefeito do planalto central, sob infinitas estrelas que brilham como em nenhum outro lugar. Agitada, suave, parada. Posso ser tudo, e posso ser nada. Fluida criatura, sem rédea, sem freio, sem arreio... Balzaquiana, autêntica, absoluta. Poderosa. Hoje sou mais eu, mais que sempre, mais que nunca.

quinta-feira, julho 31, 2008

...

Amo-te tanto e não sabes como me ferem as amarras com que tentas me cercear. Sou pássaro e preciso do vôo sob o céu sobre o mar sob o sol pra viver. Liberdade é meu alimento minha força meu sustento. Se me amas como te amo solta-me os grilhões deixa-me voar!

terça-feira, julho 29, 2008

Em qualquer outro lugar...


É no mínimo muito estranho se ver pelos olhos dos outros. E pelos olhos dos nossos filhos, então? Pode ser um choque.
.
"Mãe, ela lembra você."
.
O comentário veio de Paula, e não se referia à aparência. E a comparação era com o personagem de um filme que assistíamos numa tarde de domingo, de preguiça e sol, e que eu estava achando abominável. Não o filme, o personagem.
Em um momento do filme, inadvertidamente e sem nenhum preparo para tal, a mãe se vê pelos olhos da filha. Meu sentimento, expresso em palavras: "bem feito!".
"Como, afinal, uma mãe pode ser assim? Querer sonhar o sonho de seus filhos, decidir a rota de suas vidas? Que absurdo isso!"
E o olhar arrevesado de Paula, no tapete, me coloca na defensiva incontinenti: "EEEUUU nunca fiz isso! Nunca sonhei os sonhos de vocês!"
O "não, mãe, claro que não" acompanhado de outro olhar extremamente eloquente (embora indecifrável) me põe maluca. Como saber se ela está sendo honesta, se está sendo irônica, se está sendo gererosa?
Aí, no fim do filme, bem no finzinho, quando a menina fala de como será o mundo quando sua mãe partir, euzinha, do alto de minha modéstia ímpar, concordo: "é, filha. Tem tudo a ver comigo!"
Suspiros: "ai, mãe."
Pior.
Em alguns momentos identifiquei-me com a mãe. Perdida, confusa, insegura, pateticamente solitária e cheia de sonhos, tentando acertar e errando, errando, errando. Caraca! Não adianta querer ser perfeita, impossível!!! É da natureza humana ser imperfeito. E por vezes, sou humana em demasia - com grande dificuldade em conciliar as diversas personagens que convivem em mim: a mãe, a mulher, a profissional, a irmã, a sonhadora, a filha, a amiga, a amante, tantas! Tantos conflitos!
...
E penso que, afinal, deve ser mesmo assim.
...
Embora continue sendo um choque se vislumbrar através de outros olhos - principalmente quando são olhos que você gerou.

quinta-feira, julho 24, 2008

"A MASSAI BRANCA"

Então ontem assisti a um filme com Paulinha, e após três ou quatro filmes assistidos pela metade (sim, eu dormia em algum momento!), o de ontem assisti todo. Completamente desperta e envolvida pela história, pela fotografia, pelos personagens. E esse filme me fez lembrar Vera, e nossa última conversa via depoimentos no Orkut. Eu ia escrever mais e mais sobre o filme, que gostei muito e que me disse muito, mas... se escrever, minha conversa confidencial com Vera deixa de ser confidencial. Então, agora só quero dizer que o filme é ótimo. Tudo bem, sei que não sou nenhuma crítica de cinema (nem almejo tal coisa!), mas como alguém que gosta (muito) da sétima arte, e como pessoa, adorei o filme. Recomendo. ... Vera, assista ao filme. Aí conversamos mais sobre questões existenciais, ok? ...

quarta-feira, julho 23, 2008

Inverno na Bahia

Essa chuva esse frio essas tardes sem sol Adicionar vídeo E esse vazio essa falta de tesão pela vida Resultam em suspiros em angústias em vazios que não sei preencher.

sexta-feira, julho 04, 2008

Tanto mar...


É o nome de uma música do Chico, que fala da revolução dos cravos, em Portugal. E que amo. Remete também à música "amo tanto e de tanto amar acho que ela é bonita..." Numa lan, depois de duas roscas (deliciosas, de morango), sob o peso de uma saudade imensa de coisas intangíveis... como passear no shopping (McDonalds, Fredíssimo, cinema), como discutir dúvidas existenciais, como falar de moda e rir de coisas bobas, como discutir livros na vitrine, como olhar o que tem de bom e de ridículo na moda da estação, como reafirmar que é bom ter personalidade (ou pelo menos se iludir que tem...), como fazer palavras cruzadas, como jogar stop, como ter crises de riso sem quê nem porquê... e de coisas tangíveis, como seu riso (como assim, seu riso não é tangível???? Tudo bem, não vou discutir com uma quase física...), como a bagunça organizada do seu guarda roupa, como seu abraço, como sua presença (e sim, sua presença é total e completamente tangível pra mim)... leio seus posts no seu blog, e me preocupo... será que você herdou de mim essa inquietude, essa insatisfação (ops, não! Não sou insatisfeita... diria mais esse questionamento eterno...)... não, você não herdou nada. Coisa idiota essa de mãe querer dizer que o filho herdou o de melhor dela... ou o de pior, sabe-se lá... coisa bem idiota! ~Você não herdou nada, tem suas próprias dúvidas, seus próprios questionamentos, você é mais do que uma herdeira... você é muito mais do que isso... muito melhor que isso... eita que eu ia falar mais, mas tocou o celular e era seu padrinho tomando umas e falando como você já sabe... aí, perdi o fio da meada... mas acho que o que eu queria falar era que, apesar de saber de sua inquietude e de toda insatisfação que ela gera, sei que você é mais feliz assim do que se fosse uma menininha dessas de sonho cor de rosa que acha tudo lindo, não questiona nada e se conforma com pouco... aliás, o nome desse texto devia ser Maya. Ou recadinho para Maya.

sábado, fevereiro 02, 2008

"Nossa casa...


...é como nossa fotografia mais verdadeira." (Márcia Carvalho - maeducacao.blogspot.com)

Então eu estava procurando uma imagem pra postar aqui, e a partir dela, escrever. Em meu coração a vontade era escrever sobre mudançaS, assim mesmo, no plural e com S maiúsculo, falar sobre tantas mudanças ocorridas em minha vida nos últimos tempos e tantas outras que se anunciam; não apenas mudanças geográficas, principalmente outras, internas, de dimensões infinitamente superiores... mas aí, topei com o blog acima, um texto de 01/10/2007 cujo título é "transportar com cuidado", que todo mundo devia ler, e que amei. E que me tirou toda a inspiração de falar de mudança: não por nada, sim porquê amei o texto, e li e reli, e parece falar tão de mim e de coisas que sinto e penso que... nem sei mais o que escrever.
Mas prá não ficar sem postar, já que depois de tanto tempo me animei hoje, fiz esta anotação prá constar.