Momentos. Reminiscências. Vivências. Sentimentos. Lugares. Pessoas. Músicas. Poesias. Livros.

domingo, outubro 26, 2008

Pausa para organizar mudanças


Em dia de decisão tomada e algumas mudanças... e não, não são mudanças radicais. São ajustes para gerir meu dia a dia e os projetos que me propus a tocar.
Como ainda estou me organizando, revendo como vou fazer a partir de agora que só terei este blog para escrever, fora o Pipoca e Coca Cola - que partilho com as meninas; e o Mosaico, esta imagem que encontrei na net é o que melhor revela como estão meus sentimentos neste momento.
:)
Postando para constar.

domingo, outubro 12, 2008

Sobre amar e não amar


Pergunto-me porque amar, às vezes, é complicado.
Devia ser simples: eu amo, e pronto. E ponto. Mas não é. Nem sempre é. Porque a dificuldade em aceitar o outro como ele é? Porque medos e inseguranças sobre o sentimento do outro? O que importa não é o que sinto? Não é isso o que me faz feliz? Claro que se amo e sou amada (e tanto o objeto de meu amor quanto quem me ama são a mesma pessoa) é muito melhor. Claro que a certeza de ser amado por quem se ama traz paz, traz aconchego pra alma da gente. E porque esta certeza é tão difícil? Porque é preciso ter o tempo todo demonstrações de amor, de necessidade, de dependência? O que me fortalece, quando amo, é a força do outro. A sua integridade, independência, felicidade. Não preciso que ele dependa de mim pra nada - preciso sim, que ele queira estar comigo. E que isto seja uma opção, não uma necessidade incontrolável - porque a certeza de que meu amor está comigo porque quer assim é muito melhor do que a constatação de que ele está comigo porque depende de mim, do meu amor, da minha presença. O amor, prá mim, não gera dependência. É lindo, sim, "tu te tornas responsável pelo que cativas". Mas vejo esta responsabilidade como algo espontâneo e leve, não obrigatório e pesado. Se estou contigo, amor, é porque quero. É porque a cada amanhecer abro meus olhos e penso que escolhi estar contigo mais este dia que nasce. É porque trago no coração a certeza de que estar com você me completa e faz mais feliz. Se estou contigo, amor, é porque escolhi. E é isto que traz valor ao nosso amor: escolhemos um ao outro. E em tempo algum isto pode se tornar um jugo, porque aí perde o valor, e perde-se o amor. São quatro da manhã e estou aqui, insone, a filosofar sobre o amor - tanto pra falar, mas os sentimentos e idéias são inúmeros, e as palavras não fluem com a rapidez dos pensamentos... então, melhor apagar a luz e olhar o sono chegar. Bem devagar. Pensando no amor - e no meu amor.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Permanente, apenas a inconstância.



Sempre a mesma, renovo-me a cada dia.
Se tudo é mutável, quanto mais crenças, pensamentos, realidades, desejos, evanescentes e intangíveis?
Quanto mais eu?
Se hoje sou Penélope, amanhã posso ser Lilith. Outro dia Helena, Joana, Isabel, Evita, Elisa, Maitê, Lya; posso ser Maria, também Coco, Marilyn, Luz Del Fuego, Jaqueline, posso ser tantas e cada uma, e nenhuma, e por fim eu mesma.
Não me julgue, não me pressuponha, não me classifique.
Sou ímpar, sou única, exemplar de colecionador, primeira edição de livro raro, jóia preciosa talhada por caprichoso ourives, sou o que me proponho, o que me valido, o que me defino.
Não me gereralize e não me banalize.
Sou leonina mansa, pisciana feroz - porque hão de existir paradigmas se não para serem rompidos?
Porque limites se não para ultrapassá-los? E ir além?
Não me julgue, não me pressuponha, não me classifique

segunda-feira, outubro 06, 2008

Falando em amor...



"... vou falar de mim. Como filha e como mãe. Um pouquinho só porque sei que não conseguiria dizer tudo o que talvez seja necessário – até porque começo e meus pensamentos por vezes se dispersam. A primeira lembrança que tenho na vida sobre “o que eu quero ser quando crescer?” é: “mãe”. Depois veio “jornalista”. Mas a primeira foi “mãe”. O amor que tive por meus irmãos – os três – foi incondicional. Sandro, talvez pela pouca diferença de idade entre nós, era como um bibelô. A vida toda, quando éramos pequenos, eu o defendia de tudo e de todos. E não me lembro de uma única vez, em todas as brigas de irmãos que tivemos, que eu houvesse levantado a mão pra ele. Quando Wan chegou, eu tinha oito anos – e pra mim, Deus tinha mandado aquele menininho lindo e inteligente pra mim – era um presente de Deus pra mim. Da mesma forma, eu o defendia também – mas ele, de alguma maneira, era bem mais forte que o San. Sem contar que era o xodó de toda a família. Aí, aos meus dezoito anos, veio a Tati – e também foi como uma filha. Melhor, na verdade, pois eu não tinha obrigação de educar, só precisava amar e mimar. Mas claro, não foi só assim: quantas vezes conversamos, ela pequenininha e eu explicando porque não podia isso, porque não podia aquilo... A vida toda minha relação com meus irmãos foi de amor total e incondicional – mesmo quando, depois de crescidos, tínhamos divergências de opiniões ou entramos em atrito – porque esse amor gerou uma amizade que não tem preço. E que dá a certeza de meu lugar no mundo. E se, lá atrás, quando eu era pequenininha, tudo o que eu queria era ser mãe, com certeza é porque “mãe”, pra mim, era a melhor coisa do mundo. E pra pensar assim, eu tinha que ter a melhor mãe do mundo. E eu tive. Apesar de toda a divergência de pontos de vista que temos hoje, mamãe e eu, ela foi a melhor mãe do mundo – e eu não seria, nunca, nem a metade do que ela foi nas circunstâncias em que os filhos chegaram à sua vida. Com vinte anos mamãe tinha dois filhos e um marido irresponsável, que com o tempo se tornou alcoólatra. Veja bem, não estou aqui criticando meu pai, até porque acredito que ele foi o melhor pai do mundo – de verdade. Quando se conscientizou da importância do papel de pai, quando conseguiu se libertar do vício. E foi o melhor avô que meus filhos poderiam ter tido – sempre presente, brincando, ajudando, brigando, oferecendo colo. Não estou, de forma alguma, desmerecendo papai. Só estou contando que, por muito tempo, foi muito difícil para mamãe: casou nova; sem terminar sequer o segundo grau; porque já vinha de uma história familiar complicada (e apesar de tudo, você pode ver como ela e seus irmãos são unidos e amigos); sem profissão definida; com filhos pequenos e sem o apoio do marido. Sei que eu não teria sido metade da mãe que ela foi. Poderia contar pra você histórias e histórias sem fim de como ela fez empadas de batata e foram os salgadinhos mais deliciosos na festa da escola; de como ela saía comigo e meus irmãos pegando dois ônibus para passarmos um dia no clube; de como ela cuidou por dois anos de três filhos pequenos sendo que um, nesse período, passou por várias cirurgias e não podia nem ir ao banheiro sozinho; de como ela reformava, lavava e passava, deixando como novas as roupas usadas que ganhávamos; de como ela encheu de magia cada dia das nossas vidas com suas histórias e riso fácil; tantas histórias eu poderia contar! Mas não vem ao caso: eu só queria dizer que, se eu desejava mais que tudo na vida ser mãe, é porque eu tinha motivos mais do que suficientes pra achar que ser mãe era a melhor coisa do mundo. E eu não sabia que podia haver no mundo amor maior do que o que eu sentia por meus pais e meus irmãos – até o dia 25 de dezembro de 1985. A partir desse dia, descobri que ser mãe não é só a melhor coisa do mundo: é também a pior. Os piores medos, as piores dúvidas, os maiores anseios. E se meu filho não for ‘perfeito’? E se eu não conseguir educá-lo? E se ele ficar doente? E se ele não puder andar? E se ele não aprender a falar? E se eu não puder mandá-lo pra uma boa escola? E se ele não for inteligente? E se ele não fizer amigos? E se os amigos zombarem dele? E se algum maluco machucá-lo? E se ele não tiver namorado(a)? E se ele gostar do mesmo sexo – sim, e se ele for gay? E se ele usar drogas? E se ele resolver roubar? E se ele se meter em brigas? E se ele não entrar na faculdade? E se ele não encontrar ninguém decente pra casar? E se ele não tiver filhos? E se ele tiver filhos e estiver longe de mim? E se seu(sua) companheiro(a) não gostar de mim? E se? E se? E se? Aí, num período da minha vida, me vi sozinha com três filhos. Como se diz no Rio Grande do Sul, “mais perdida do que cuzco em procissão”. E se eu já me preocupava com eles, a partir daí essa preocupação dobrou, triplicou, sei lá. A sorte é que éramos amigos – sempre acreditei que deve haver amizade entre pais e filhos. Claro, sem esquecer o respeito e o laço mãe-filhos, ou pai-filhos. E a partir de então, essa amizade se fortaleceu. Minha amizade com Paula, Maya e Matheus sempre foi muito transparente – por mais que eu tenha errado. Sempre decidimos tudo juntos, e partilhei com eles minhas incertezas, meus medos, minhas dúvidas – por mais que isso fosse errado. E sempre tentei decidir tudo em nossa vida, principalmente quando morávamos todos juntos, de forma “democrática” e justa para todos – por mais que, muitas vezes, tenha que ter sido assertiva e impositiva. E essa amizade, essa relação, é baseada na confiança e na liberdade. Às vezes sou questionada: será que com o pai deles há essa atitude, há essa cobrança? Será que com o pai eles fazem isso, fazem aquilo? De verdade? Não me interessa. Não mesmo. Importa pra mim a relação que eles têm COMIGO – e pronto. Nunca, em momento algum da minha vida, pautei meus relacionamentos com base na comparação. E não quero, nunca, que o relacionamento dos meus filhos comigo seja igual ao comportamento deles com o pai. O nosso relacionamento – eu, Paula, Maya e Matheus – nós construímos ao longo tempo, com nossas atitudes – fossem elas altruístas, egoístas, estúpidas, como quer que fossem. E é único: com Paula, com Maya, com Matheus."
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Trecho de uma carta não enviada falando sobre meus sentimentos.
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